terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Deputado Sérgio Leite: Segurança Pública e Cultura (Mangue Beat Patrimônio Imaterial)

Bem, não trilhei as veredas da política convencional, tal qual fizeram outros Leites pernambucanos. Era um grande desejo do meu pai-avô, mas a vida tem as suas dinâmicas. Contudo, de cá, da capital paraibana, sempre que o tempo permite, procuro me inteirar da cena política pernambucana. E observando-a, por estes dias, tomei conhecimento de uma iniciativa de significativa relevância do Deputado Sérgio Leite: o projeto que transformou o Mangue Beat em Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco. Parabéns ao Sérgio Leite pela inciativa, um parlamentar que, oriundo da área de segurança pública, transita com  autoridade, por exemplo, pelos meandros da polícia civil. Ao mesmo tempo, coloca o seu mandato a serviço da cultura.  Honra a boa estirpe política onde se situa. Homenageia-se, assim, Chico Science, uma das principais expressões do Movimento Mangue Beat. Abaixo, a matéria que noticia o fato e um vídeo sobre o Movimento.  

Grafite em Recife: homenagem a Chico Science 



Graças à Lei 13.853, publicada ontem no Diário Oficial, o Mangue Beat se torna Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Pernambuco. O reconhecimento garante que todas as informações sobre o movimento sejam historicamente protegidas e conservadas pelos órgãos públicos de pesquisa, pois elas passam a ser consideradas fundamentais para a preservação da identidade pernambucana.

O autor do projeto de lei, assinado na última quarta-feira pelo governador Eduardo Campos, é o deputado estadual Sérgio Leite. Segundo ele, o tombamento "não só garante que o Mangue Beat seja lembrado pelas futuras gerações, como também estimula o estudo sobre o movimento, que passa a receber um tratamento diferenciado". As instituições de pesquisa, portanto, devem ampliar seus acervos com documentos sobre o assunto.

Em 2005, o Mangue já havia sido homenageado pela Presidência da República com a entrega da Ordem do Mérito Cultural a alguns de seus fundadores. "O movimento se expandiu para o Brasil todo", reforça o deputado, que também propôs um projeto (atualmente em tramitação) para também transformar o bacamarte em Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco.

O patrimônio imaterial se diferencia do material porque se refere a bens que não se concentram em um corpo físico, como um prédio, uma estátua ou um parque. O Bloco da Saudade, o frevo, o Galo da Madrugada, a cachaça, o bolo de rolo, os maracatus, o cavalo-marinho e os caboclinhos também são patrimônios imateriais já oficializados.
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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Corações e Mentes: Sobre as "utopias de médio alcance"


O presente artigo é mais um texto publicado anteriormente em A Página da Educação. 



Por Ivonaldo Leite 

Desde o momento em que a civilização industrial soçobrou numa série de impasses, a enormidade do desafio ecológico passou a ser reconhecido de “forma consensual”. Tanto o Norte como o Sul, não obstante as suas diferenças, foram postos diante de problemas comuns. Significa isto que existe um risco de barbárie cuja dimensão é global.
Trata-se de um risco que, sempre que se afirme as ilimitadas propriedades do desenvolvimento, se tornará cada vez mais acentuado. Por outro lado, a mera apologia ao colapso da ideia de progresso com raízes assentes no pensamento ilustrado, não nos levará muito longe. O simples protesto (ecológico, antirazão), mesmo sendo um movimento e compreenda outros movimentos, ainda assim falhará na percepção do caminho para uma mudança que não se limite a mentalidades e ideologias, mas que represente um instrumento político para dias melhores.  
Se nos é permitido atribuir uma nova matriz à noção de teorias de médio alcance, de Robert Merton, podemos dizer que se trata de definir um agir em função de utopias de médio alcance. Para almejar a continuidade do género humano, é necessário, antes de tudo, se fazer opção por uma democracia progressiva que, sem abdicar da razão, combine justiça social e liberdade. Em face de questões bem presentes, o olhar utópico em médio alcance. Ou bem são construídos mecanismos instituições com os quais o/a cidadão/dã possa se relacionar, nos vários níveis da sociedade, com a res publica, ou não serão superados, por exemplo, os impasses que coagulam a democracia representativa. Não podemos fugir da redefinição do escopo da política e de estendê-lo para muito além do Estado e dos partidos. 
A não ser assim, estaremos sempre a vaguear em abstracções perante o cenário descortinado pelo mundo pós-industrial - abstracções que, se por uma parte, são importantes como momentos de dúvida ontológica, por outra parte, são insuficientes para dar conta do contexto em que o ser se encontra situado. O pessimismo angustiado, a ansiedade existencial, as metamorfoses identitárias, etc., não são fenómenos que emergem do vazio.  Não é pouco revelador que, já há algum tempo,  estejamos a assistir, de forma acentuada, a manifestações dessa natureza. O estiolamento da civilização industrial não significa apenas o colapso de algo material, mas representa também o eclipse de um referencial indutor de subjectividades, onde o neoplatonismo galileano, ao produzir uma linguagem comum à visão da natureza e da prática social, apresenta-se como autêntica mutação no plano cognitivo, vector do programa pelo qual se pautará a criatividade. Foi assim que os impulsos mais fundamentais do ser humano, gerados pela necessidade de autoidentificar-se e situar-se no universo, e que são a matriz da actividade criadora, a reflexão filosófica, a meditação mística, a invenção artística e a investigação científica -directa ou indirectamente - foram subordinados à especialização do cálculo quantitativo. 
Utopias de médio alcance. Aqui o que importa é, frente aos desafios contemporâneos, definir um agir que se consubstancia como um movimento, criando novos espaços públicos, de modo que as pessoas e as entidades civis possam tomar parte nas decisões institucionais, o que significa negar tais decisões como colecção de meras políticas sociais, apoiadas por burocracias estatais animadas pela doutrina do partido detentor do poder. Contudo, ao contrário do que alguns pensam, o cenário onde este agir se move não se coadune com a ideia de morte da razão, donde seguir-se-ia uma fragmentação que, por não ter nenhum postulado de referência, nutre-se do relativismo céptico e, por vezes, estimula o cinismo político. 
Se é verdade que a sensação de risco, de perplexidade e de incerteza são dimensões bem presentes no mundo actual, abalando crenças da racionalidade ilustrada, também não é menos verdadeiro que temos assistido a um ascendente entrelaçamento entre ciência, tecnologia e liberdade, forjando uma nova racionalidade.  Esta nova racionalidade, decerto, constitui-se num terreno fértil para as utopias de médio alcance.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Steinbeck: Para Um Deus Desconhecido

No idioma original, o livro denomina-se 'To a God Unknown', o que, numa tradução direta, ficaria como 'Para um Desconhecido Deus' - o que parece não ter agradado os tradutores, que preferiram 'Ao Deus Desconhecido'. Seja como for, esta obra do escritor norte-americano John Steinbeck é marcante no que se refere à metafísica do ser humano com a natureza. Abaixo reproduzo uma resenha da mesma. 




Confesso que Ao Deus Desconhecido (1933) é um dos livros do Steinbeck que eu mais gostei de ler. A obra remonta ainda a um Steinbeck mais jovem, tímido em algumas considerações, profundamente poético (não que ele tenha deixado de ser posteriormente, mas essa é uma das marcas mais pujantes de suas primeiras obras), mas já com a capacidade muito interessante de transformar o prosaico em transcendental.
O livro narra a história de Joseph Wayne, um trabalhador rural que vem para a Califórnia (a ensolarada, idílica e fértil Califórnia de Steinbeck) ocupar um pedaço de terra e construir ali sua fazenda e plantar ali suas raízes. Joseph deixara para trás alguns familiares, entre eles o pai, com quem tinha um relacionamento muito afetuoso. As terras a oeste se apresentavam como promessa de boas oportunidades e de bom lugar para se estabelecer um lar. O protagonista da obra de Steinbeck provavelmente seguiu os passos de tantos outros que engrossaram as caravanas da “marcha para o oeste”, em um trecho que se assemelha ao que os Joad percorreriam posteriormente quando de sua jornada errante pelos Estados Unidos em busca de meios para subsistir.
Esse livro se baseia bastante na descrição afetuosa da vida “camponesa”, do trato com a terra e com os animais, construindo a respeito da vida rural uma imagem bastante favorável e humana, em que os homens mantinham um contato muito forte com o solo e com os frutos da terra. Essa ligação, já presente em O Menino e o Alazão, ganha em  Ao Deus Desconhecido uma dimensão mística. Se no primeiro Steinbeck mostra com certo exagero romântico a história de Jody e seu cotidiano na fazenda como experiência ontológica; no segundo, ele explora a dimensão espiritual, cujos mistérios de fartura se constituem em verdadeiros elementos religiosos.
Nesse clima, é que Joseph, ao ter se assentado no território, o lavrado, construído sobre ele sua casa e nele iniciado suas criações, encontra em um velho carvalho a manifestação metafísica de seu falecido pai. O carvalho se transforma assim em um lugar de culto, de modo que sob sua sombra (na qual se encontra a casa de Joseph) nada de ruim acontece, visto que o espírito do pai não o permitiria.
Aliás, creio ser esse um dos emblemas mais significativos dessa reverência de Steinbeck com relação à natureza, ao solo e ao ambiente rural, bem como ao modo de vida que neles se constitui. O espírito do pai não “encarna”, ele “entronca” ou “arboriza-se”! Trocadilhos ou neologismos infelizes à parte, isso é bastante significativo. A árvore, esse elemento tão simbolicamente não-citadino, é que se constitui a entidade protetora do lugar, o pai de Joseph volta para zelar pelo filho, mas através da forma de uma árvore.
O mesmo sentimento de reverência está presente na clareira que Joseph encontra em suas andanças pelas terras: ela se assemelha a um altar de sacrifício, é nela que o personagem se depara com uma natureza exuberante e um touro negro de pelo lustro, simbolizando, talvez, sua virilidade e a fertilidade da terra. Cada vez que Steinbeck se põe a descrever a clareira ou aspectos gerais da terra de forma mais extensiva, é como se o fizesse não de chapéu na cabeça, mas na mão, em sinal de respeito e, porque não dizer, certo temor dessa divindade tão evidente e ao mesmo tempo tão misteriosa que se esconde nas entranhas da terra.
Uma narrativa agradável e permeada de uma sensibilidade que emociona, Ao Deus Desconhecido é mais uma daquelas obras que foram relativamente ofuscadas pelo brilho de outra que foi tida como cânone. Sem querer hierarquizar ou discutir méritos de uma e outra como forma de confronto puro e simples, essa resenha tentou resumir e quis expressar as potencialidades e limitações dessa obra, alertando para o lugar que ela ocupa na produção de John Steinbeck e convidando o leitor a experimentar a mesma contemplação e encantamento que Steinbeck sentiu em relação à terra e sua fertilidade, esse “deus desconhecido”.
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domingo, 22 de janeiro de 2012

A pós-graduação e os 'doutores Mobral'

Reproduzo abaixo trechos de uma entrevista de Marcelo Hermes, professor e pesquisador do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (publicada no Jornal da Ciência/SBPC). Entrevista instigante, polêmica, mas que, sob determinados aspectos, é certeira. 'Doutores Mobral', é a qualificação usada por Hermes para designar certos tipos de pós-graduandos que estão sendo formados. 




- O estudo do CGEE [Centro de Gestão de Estudos Estratégicos, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia] mostrou que, entre 1996 e 2008, o número de doutores titulados no Brasil cresceu 278%. O que o senhor acha da expansão da pós-graduação no país?

A minha visão é contrária  (...). A maioria das pessoas acredita que o crescimento no Brasil - e na UnB também - é positivo. A taxa de aumento, alguns anos atrás, chegou a variar entre 10% e 20%, um crescimento chinês. E todo mundo comemora isso, exceto alguns poucos. Eu acho que é um crescimento exagerado. Aliás, responder isso agora ficou mais fácil, desde que o país entrou no chamado super aquecimento. Esse crescimento de 9% ao ano o qual o país não suporta, já que não temos estrutura física para tanto bussines. E a mesma coisa acontece na pós.

- Como é essa comparação?

Para se ter pós-graduação são necessárias quatro coisas: os alunos, que querem fazer pós; os professores, que vão orientar e dar aula; os cursos e, claro, dinheiro. Dinheiro não tem sido o problema. Então o que acontece? Você tem um crescimento muito grande tanto no número de cursos, de alunos e de orientadores. Um olhar desatento, pensa "que bom!". Não. Muito pelo contrário. O país está andando para trás com esse crescimento exagerado da pós. Primeiro porque os professores têm uma capacidade finita de orientar. Antigamente, cada professor orientava cinco, hoje está orientando dez alunos. E isso causa uma queda da qualidade. Obviamente, você não consegue dedicar suficiente tempo para orientar esses alunos. Para formar doutores é preciso um trabalho artesanal. Eles têm que ser treinados, pois podem se transformar em orientadores no futuro. Além disso, nem todos têm capacidade de ser orientadores. Tem muita gente que não tem a formação técnica e a capacidade de orientar. E nem todo mundo tem a qualificação necessária para ser orientador de doutorado. E com esse crescimento exagerado, a pós está pegando vários professores que não têm a menor capacidade de orientar, mesmo que não queiram, porque vão pegar uns pontos a mais, vão ter uma promoção. Outro problema é a existência de alunos que não deveriam estar fazendo doutorado, porque não tem capacidade para isso.

- O senhor acredita, então, que nem todo mundo está apto a fazer um doutorado?

Sim. (...)  A ideia é: o que adianta sair com um diploma de administração se você não vai administrar uma empresa? O problema é o mesmo no doutorado. Sendo muito otimista, acredito que metade desses milhares de alunos de doutorado é composta pelos que eu chamo de "doutores mobral", o doutor analfabeto, que mal sabe ler um artigo científico, quanto mais escrever. O Brasil quer formar doutores, então vamos formar de verdade.

- Existe algum outro fator que contribua para a baixa qualidade na formação desses doutores?

Eu diria que 90% da produção de doutores vêm das faculdades públicas. E diria ainda que 90% dos que vêm das particulares são fracos. Essa produção vai crescer, depois vai estabilizar e lá para 2025 vai começar a cair, porque vai ser quando os atuais orientadores vão se aposentar. Pode até ser que a produção de teses continue a crescer infinitamente. Só que essa segunda geração de "doutores Mobral" vai produzir a tese e não publicar ciência, a menos que as revistas também baixem muito o nível.

- Não existe reprovação em pós-graduação?

Praticamente não tem. 99,9% das pessoas são aprovadas no mestrado. O orientador corrige a tese antes de entregar para banca e muitas vezes a própria banca também reescreve a tese. Então a tese acaba não sendo mais do aluno, não é mais personalizada.

- Qual o motivo para o investimento no crescimento da pós-graduação no Brasil?

Para ter produção de ciência deve existir mão de obra para fazer pesquisa. E quem é que faz a pesquisa? O pesquisador coordena; 80% das pesquisas são feitas por alunos de doutorado. São eles a mão de obra. A Capes entendeu que, ao expandir ao máximo o doutorado, maior a produção e quantidade de resultados. A cada ano aumenta o número de alunos formados doutores e a cada ano aumenta o número de trabalhos publicados. A própria Capes usa isso como propaganda para mostrar como é positivo esse aumento do doutorado no Brasil. Fazem questão de divulgar que o Brasil, a cada ano, eleva sua posição no ranking de países que produzem ciência, ocupando o 14º lugar. Mas isso é criminoso: você forma o doutor para produzir a média de dois artigos. E é isso o que ele vai fazer. Veja o custo do país para formar uma pessoa cujo objetivo é fazer dois artigos. E, muitas vezes, quem vai escrever é o orientador, pois ele não tem condição de fazer isso. Porque é tudo muito rápido, prazos restritos e tem que fazer funcionar. O crescimento da ciência e da pós-graduação brasileira é uma neoplasia, um tumor e um dia isso vai explodir.

- O senhor acha que essa situação se sustenta no futuro?

Seria sustentável se as pessoas vivessem para sempre. Mas as pessoas morrem, se aposentam. Essa política está completando 6, 7 anos. Começou na era FHC em que se estimulavam os pesquisadores a publicar. (...) Então os estudantes que estão sendo formados agora e que estão sendo ultra pressionados não sabem fazer pesquisa direito. Está sendo uma formação a jato, massificada, e quero ver essas pessoas quando a minha geração morrer ou aposentar. Quero ver se eles vão dar conta do recado, porque eles não tiveram a formação necessária. E quero vê-los formando outros profissionais dentro dessa visão de mega-produção de baixa qualidade. A minha crítica não é à publicação. Sou "produtivista". Mas sou contra ao mega-produtivismo.

- O senhor acha que esse panorama é contornável?

O que está acontecendo no Brasil é uma farsa e uma fraude com dinheiro público. Se fosse algo que pudesse ser resolvido mudando a política, mas não é. Será um "dano irreparável". Eu diria hoje, sem problemas, que temos de 30 a 40 mil doutores "Mobral" no Brasil, disputando empregos. Qual o problema para o Brasil? Imaginamos o país daqui a quinze anos sem capacidade de fazer ciência de ponta porque toda a geração se aposentou e os atuais não foram formados adequadamente.

- Como o senhor acha que essa questão do crescimento da pós-graduação é vista pelos outros pesquisadores?

Eu fiz uma pesquisa, publicada em 2008 em uma revista canadense, em que entrevistei vários colegas pesquisadores, selecionados ao acaso, sobre o que eles achavam da pós-graduação brasileira em vários aspectos. A grande maioria, e eu comparei com alguns señiors latino americanos (mexicanos, argentinos e chilenos), critica esses problemas de regras muito ruins da pós-graduação, de overwork e má qualidade dos recém-doutores sendo formados. O doutor tem que ser qualificado. Na minha área (Ciências Biomédicas) ele tem que ser capaz de propor um projeto de pesquisa, de executar esse projeto de pesquisa, de montar uma equipe, de buscar verba para isso, de publicar em periódicos internacionais, de ser avaliador de outros artigos, de dar palestras. Eu e os pesquisadores que entrevistei acreditamos que a maioria que está sendo formada não tem mais essas qualificações.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Graça, a última ciência

De capa e espada, continuo a dizer: 'há ciência na arte'. Que se desesperem os positivistas... 'Graça, a última ciência', do Madredeus, da minha parte, é exemplar. Letra e vídeo abaixo. 


Nasce o dia
E quando o dia nasce
Revela outro segredo que é bom de reconhecer
E é beleza
pensamento
A última ciência que podemos ter
É da vida
firmamento
E a cada momento está a segurar
Força breve
E
Vale tanto
Vale quanto a vida nos pode durar
Indiferente
Ampara toda a gente
E é a força do mundo quer ainda vai recomeçar
E respira
No instante
Em que as outras graças vêm ajudar
É da vida
firmamento
E a cada momento está a segurar
Força breve
Vale tanto
Vale quanto a vida nos pode durar
Graça
Graça
É a força do mundo que ainda vai recomeçar
Graça
Graça
A última ciência que podemos ter
É da vida
firmamento
E a cada momento está a segurar
Força breve
Vale tanto
Vale quanto a vida pode nos durar




sábado, 14 de janeiro de 2012

Mudança para onde?

Vá lá, o texto é de 2004, apresentado num Colóquio em França, na Sorbonne. Tinha voltado ao Brasil, depois de anos fora, em 2003. Na altura, trabalhava no RN, com a boa convivência na sempre estimada Mossoró. Muito bem, quase uma década já lá se vai. But, o princípio que norteou o texto, hoje, mantém-se. Isto a propósito do 'meu leitor' que, após uma espécie de "hermenêutica" em meus textos, manda-me posts com cobranças.  Ex abundanctia enim cordis os loquitur. O texto está aqui: http://actuelmarx.u-paris10.fr/m4leite.htm

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Programa Ciência Sem Fronteiras: Bolsas para graduandos e pós-graduandos

Uma das coisas mais prejudiciais à formação acadêmica (na graduação e na pós-graduação) é o sentimento de provincialismo, que não significa, diga-se, atenção às raízes, valorização das origens, mas sim desconsideração ao que é exterior. Claro, o extremo disto, são as 'mentes colonizadas', que analisam os contextos locais apenas a partir de referências externas. O central aqui é o modo de fazer a articulação entre o global e o local. Mas, seja como for, o "provincialismo universitário" é extremamente nefasto por, dentre outras consequências, apreender o conhecimento (algo plural e processual) apenas a partir de uma matriz cultural, o que, nomeadamente em alguns casos, sendo tradução do nacionalismo, pode levar ao chauvinismo. Foi assim com os nazistas, mas também com o stalinismo, ao difundir as teses de Lyssenko sobre genética. É necessário buscar o cosmopolitismo. Com esta prosa, quero dizer que o Programa Brasileiro Ciência Sem Fronteiras é uma iniciativa pertinente e uma oportunidade ímpar para graduandos e pós-graduandos tomarem contacto com o conhecimento e a produção científica em outros países, sendo os custos arcados pelo governo através da concessão de bolsas. Para tanto, repisando o óbvio, é fundamental a comunicação numa língua estrangeira, contactos e o bom desempenho acadêmico. Algumas informações abaixo. 
O que é?
Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.
O projeto prevê a utilização de até 75 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no Programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior.
De maneira resumida, as metas a serem alcançadas por modalidade até 2015 são:
Metas
Modalidade
Nº de Bolsas
Doutorado sanduíche
24.600
Doutorado pleno
9.790
Pós-doutorado
11.560
Graduação sanduíche
27.100
Treinamento de Especialista no Exterior (empresa)
700
Jovem Cientista de grande talento (no Brasil)
860
Pesquisador Visitante especial (no Brasil)
390
Total
75.000
Além das 75.000 bolsas oferecidas pelo Governo Federal, mais 26.000 bolsas serão concedidas com recursos da iniciativa privada. Portanto, o Programa Ciência sem Fronteiras irá oferecer 101.000 bolsas a estudantes e pesquisadores no País e no Exterior. 
Áreas prioritárias
No programa Ciência sem Fronteiras, as áreas prioritárias são:
·         Engenharias e demais áreas tecnológicas;
·         Ciências Exatas e da Terra;
·         Biologia, Ciências Biomédicas e da Saúde;
·         Computação e Tecnologias da Informação;
·         Tecnologia Aeroespacial;
·         Fármacos;
·         Produção Agrícola Sustentável;
·         Petróleo, Gás e Carvão Mineral;
·         Energias Renováveis;
·         Tecnologia Mineral;
·         Biotecnologia;
·         Nanotecnologia e Novos Materiais;
·         Tecnologias de Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais;
·         Biodiversidade e Bioprospecção;
·         Ciências do Mar;
·         Indústria Criativa;
·         Novas Tecnologias de Engenharia Construtiva;
·         Formação de Tecnólogos.

Graduação
Quem pode Participar

O candidato deve cumprir com os seguintes requisitos:
·         Ser brasileiro ou naturalizado;
·         Estar regularmente matriculado em instituição de ensino superior no Brasil em cursos relacionados às áreas prioritárias do Ciência sem Fronteiras;
·         Ter sido classificado com nota do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM - com no mínimo 600 pontos;
·         Possuir bom desempenho acadêmico;
·         Ter concluído 40% do currículo previsto para o curso de graduação.

Será dada preferência aos candidatos que:
·          Foram agraciados com prêmios em olimpíadas científicas no país ou exterior;
·          Participarem de qualquer programa de iniciação científica com ou sem bolsa.

Áreas Prioritárias
·         Engenharias e demais áreas tecnológicas;
·         Ciências Exatas e da Terra;
·         Energias Renováveis;   
·         Tecnologia Mineral;
·         Formação de Tecnólogos;    
·         Biotecnologia;
·         Petróleo, Gás e Carvão Mineral;    
·         Nanotecnologia e Novos Materiais;
·         Produção Agrícola Sustentável;    
·         Tecnologias de Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais;
·         Fármacos;    
·         Biodiversidade e Bioprospecção;
·         Tecnologia Aeroespacial;    
·         Ciências do Mar;
·         Computação e Tecnologias da Informação;    
·         Indústria Criativa (voltada a produtos e processos para desenvolvimento tecnológico e inovação);
·         Novas Tecnologias de Engenharia Construtiva;    
·         Biologia, Ciências Biomédicas e da Saúde;

Benefícios
·         Mensalidade de bolsa;
·         Auxílio-Instalação;
·         Passagens aéreas;
·         Seguro Saúde.
Duração da bolsa
·         De 6 a 12 meses, podendo estender-se até 15 meses quando incluir curso de idioma

Educação profissional e tecnológica
Quem pode participar?
Estudantes de cursos superiores de tecnologia em áreas e temas de estudo de interesse para o programa Ciência sem Fronteiras.
 Critérios de Seleção:
I. Estar matriculado em curso superior de tecnologia nas áreas e temas prioritários;
II. Ter nacionalidade brasileira;
III. Ter cursado no mínimo um semestre e estar, no máximo, no penúltimo semestre do curso, no momento do início previsto da viagem de estudos;
IV. Apresentar proficiência no idioma do país de destino;
VI. Possuir bom desempenho acadêmico.

Será dada preferência aos candidatos que:
·      Foram agraciados com prêmios em olimpíadas científicas no país ou exterior;
·      Participarem de qualquer programa de iniciação científica com ou sem bolsa.
·      Foram classificados com nota do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM – no mínimo 600 pontos;

Áreas Prioritárias
·      Controle e Processos Industriais
·      Informação e Comunicação
·      Produção Industrial
·      Infraestrutura
·      Tecnologia de Defesa
·      Produção Alimentícia
·      Design de Produto
·      Recursos Naturais
·      Tecnologia de Segurança Pública
·      Saúde

Benefícios
·      Mensalidade de bolsa;
·      Auxílio-Instalação;
·      Passagens aéreas;
·      Seguro Saúde.
Duração da bolsa
·      Até 12 meses, podendo se estender quando for disponibilizado curso intensivo de idioma, sendo até 3 meses destinados para estágio em empresas.

Cadastre-se aqui preenchendo os formulários de inscrição abaixo:
·      Chamada Pública para bolsas de tecnólogo sanduíche no Canadá (Disponível a partir do dia 02 de janeiro de 2012).
Pós Graduação e Pós Doutorado
Até 2015 o Programa Ciência sem Fronteiras irá oferecer,  em nível de pós-graduação, as seguintes modalidades de bolsa:
Doutorado Sanduíche - 24.600 bolsas
Doutorado Pleno - 9.790 bolsas
No nível de pós-doutorado será oferecida a seguinte modalidade de bolsa:
-  Pós-doutorado no exterior -11.560 bolsas 
Para saber mais informações sobre as modalidades de bolsa, favor acessá-las no menu ao lado.
Abaixo está o calendário de inscrições.
Consulte, também, as Chamadas Específicas (Aqui).
Calendário 2012 para bolsas de pós-graduação e pós doutorado

Etapas
Cronograma 1
Cronograma 2
Cronograma 3
Inscrição
De 13 de dezembro de 2011
a 17 de fevereiro de 2012
Até 28 de maio de 2012
Até 27 de setembro de 2012
Julgamento
Abril/2012
Agosto/2012
Novembro/2012
Resultado
Maio de 2012
Setembro de 2012
Dezembro de 2012
Início da vigência
jun/jul/ago/set de 2012
out/nov/dez de 2012 e jan de 2013
fev/mar/abr/mai de 2013